A Igreja Católica Romana Não é a sucessória do Apóstolo Pedro

estudos bíblicos

📌 INTRODUÇÃO

A doutrina católica romana sustenta que a Igreja de Roma é a legítima sucessora do apóstolo Pedro, reivindicando uma linha ininterrupta de papas desde ele até os dias atuais.

Segundo essa perspectiva, Pedro teria sido nomeado por Jesus Cristo como a pedra sobre a qual a Igreja seria edificada, conferindo-lhe uma primazia exclusiva que deveria ser perpetuada por seus sucessores. No entanto, essa reivindicação é objeto de intenso debate teológico e histórico, especialmente no contexto do cristianismo protestante.

 

Neste artigo, analisaremos, à luz da história da Igreja e das Escrituras, a validade dessa alegação. Analisaremos como a história do cristianismo primitivo, conforme relatada por estudiosos como Bruce L. Shelley, Justo L. González e Mark A. Noll, desafia a noção de uma sucessão apostólica ininterrupta. Além disso, faremos uma abordagem bíblica para refutar as principais falácias associadas à reivindicação de que a Igreja Católica Romana seria a única sucessora legítima de Pedro, destacando o verdadeiro fundamento da Igreja de Cristo.

 

1. INFORMAÇÃO HISTÓRICA

A alegação da Igreja Católica Romana de ser a sucessora direta do apóstolo Pedro está enraizada na interpretação de Mateus 16:18, onde Cristo declara: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja". Historicamente, a Igreja Católica defende que Pedro foi o primeiro bispo de Roma e que, a partir dele, houve uma sucessão ininterrupta de papas. No entanto, análises históricas e teológicas, como as apresentadas por Justo L. González e Bruce L. Shelley, indicam que a primazia de Pedro, tal como entendida pela Igreja Católica, não possui bases sólidas nos primeiros séculos do cristianismo.

 

Justo L. González em "The Story of Christianity" argumenta que, embora Pedro tenha sido uma figura proeminente na igreja primitiva, a estrutura hierárquica que define o papado só foi consolidada séculos após sua morte. Bruce L. Shelley em "Church History in Plain Language" destaca que a igreja primitiva funcionava em grande parte de forma colegiada, sem a centralização do poder em um único líder, especialmente no primeiro século.

 

2. POLÊMICAS

Uma das principais polêmicas é a questão da legitimidade da sucessão apostólica. A Igreja Católica afirma que essa sucessão é essencial para a preservação da doutrina e da autoridade eclesiástica. No entanto, historiadores e teólogos protestantes, como Mark A. Noll em "Turning Points", contestam essa narrativa, argumentando que a sucessão apostólica, tal como reivindicada por Roma, foi uma construção posterior, não refletindo a diversidade e a falta de centralização da igreja primitiva.

 

Outro ponto de controvérsia é a interpretação de Mateus 16:18. Os católicos veem a declaração de Jesus como um fundamento para a autoridade papal. Contudo, muitos teólogos protestantes interpretam "esta pedra" como a confissão de fé de Pedro em Cristo, e não como uma referência a Pedro pessoalmente.

 

3. POSICIONAMENTO CRISTÃO

O cristianismo protestante rejeita a noção de que a Igreja Católica Romana seja a única sucessora legítima do apóstolo Pedro. A Reforma Protestante, liderada por figuras como Martinho Lutero, rejeitou a autoridade papal com base em que esta não estava fundamentada na Escritura, mas sim em tradições humanas. A autoridade na igreja deve estar enraizada na Bíblia e não em uma linha sucessória de líderes.

 

O princípio do sola scriptura (somente a Escritura) enfatiza que a autoridade espiritual provém diretamente da Palavra de Deus, e não de uma instituição. Assim, a igreja de Cristo é definida por aqueles que seguem a fé apostólica conforme ensinada na Escritura, e não por uma alegada sucessão de bispos.

 

4. DESFAZENDO 3 FALÁCIAS CATÓLICAS ROMANAS

4.1. Falácia da Sucessão Ininterrupta

A ideia de uma sucessão ininterrupta de papas desde Pedro não é corroborada por evidências históricas claras. Muitos historiadores, incluindo González, observam que o conceito de papado como é entendido hoje não existia nos primeiros séculos da igreja.

 

4.2. Falácia da Exclusividade Petrina

A interpretação de que Pedro foi o líder supremo da igreja primitiva e que essa liderança foi transmitida exclusivamente através dos bispos de Roma é contestada por vários estudiosos. A igreja primitiva era diversa e colegiada, sem um líder único até a consolidação do poder em Roma.

 

4.3. Falácia da Autoridade Infalível

A reivindicação católica de que o Papa é infalível em matéria de fé e moral quando fala *ex cathedra* (a partir da cadeira de Pedro) não tem base nos ensinamentos de Pedro ou dos primeiros apóstolos, e foi formalmente definida apenas no século XIX, durante o Concílio Vaticano I.

 

5. ARGUMENTAÇÕES BÍBLICAS CONTRA AS FALÁCIAS CATÓLICAS ROMANAS


5.1. Falácia da Sucessão Ininterrupta


Argumentação Bíblica

A noção de uma sucessão ininterrupta de papas desde Pedro até os dias atuais não encontra respaldo direto nas Escrituras. A Bíblia não apresenta qualquer evidência de que Pedro tenha transferido sua autoridade a um sucessor, muito menos que essa autoridade fosse exercida exclusivamente em Roma. Além disso, o Novo Testamento não menciona qualquer tipo de "sucessão apostólica" como sendo necessária para a liderança da igreja.


Referência Bíblica

- Atos 20:28: "Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue."


Neste versículo, Paulo se dirige aos presbíteros de Éfeso, mostrando que a liderança da igreja não era concentrada em um indivíduo, mas compartilhada entre líderes locais. Não há menção de uma sucessão singular de autoridade centralizada.


- 1 Pedro 5:1-3: "Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles [...] Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho."


Aqui, Pedro se identifica simplesmente como um presbítero entre outros presbíteros, sem reivindicar qualquer autoridade superior. Isso contraria a ideia de uma liderança centralizada e sucessiva.


5.2. Falácia da Exclusividade Petrina


Argumentação Bíblica

A interpretação de Mateus 16:18, que entende Pedro como a "pedra" sobre a qual a Igreja seria edificada, não deve ser vista como conferindo a ele uma primazia exclusiva.


A Escritura mostra que a igreja foi edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Jesus Cristo a pedra angular.


Referência Bíblica

- Efésios 2:19-20: "Assim, já não sois estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo Jesus Cristo como a pedra angular."


Este texto indica que o fundamento da igreja não se baseia exclusivamente em Pedro, mas em todos os apóstolos, com Cristo como a pedra angular. Isso enfraquece a noção de uma autoridade exclusiva de Pedro e seus supostos sucessores.

 

- Mateus 18:18: "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu."


Este versículo mostra que a autoridade de "ligar e desligar" dada a Pedro em Mateus 16:19 é posteriormente estendida a todos os apóstolos, e por extensão, a toda a igreja. Isso indica que essa autoridade não era exclusiva de Pedro.


5.3. Falácia da Autoridade Infalível


Argumentação Bíblica

A doutrina da infalibilidade papal, que afirma que o Papa é infalível em questões de fé e moral quando fala ex cathedra [1], não tem fundamento bíblico. As Escrituras ensinam que todos os homens, inclusive os líderes da igreja, são falíveis e sujeitos ao erro, e que a verdadeira infalibilidade pertence somente a Deus e à Sua Palavra.


Referência Bíblica

- Romanos 3:23: "Porque todos pecaram e carecem da glória de Deus."


Este versículo afirma a natureza pecaminosa de todos os seres humanos, inclusive líderes religiosos. Isso sugere que ninguém, exceto Cristo, está livre de erros.


- Gálatas 2:11: "E, chegando Pedro a Antioquia, resisti-lhe na cara, porque era repreensível."


Aqui, o apóstolo Paulo confronta Pedro por seu comportamento inconsistente, indicando que até mesmo Pedro era falível e sujeito a correção. Isso contraria a ideia de que Pedro (e seus supostos sucessores) seriam infalíveis.


- 2 Timóteo 3:16-17: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra."


Este texto destaca que é a Escritura, e não uma autoridade humana, que é infalível e suficiente para guiar a igreja em todas as questões de fé e moral.


A análise bíblica das falácias católicas romanas demonstra que as reivindicações de sucessão ininterrupta, exclusividade petrina e infalibilidade papal não têm respaldo nas Escrituras. Portanto, a verdadeira autoridade na igreja está fundamentada na Palavra de Deus, conforme revelada nas Escrituras, e não em uma sucessão de líderes humanos.


CONCLUSÃO

Do ponto de vista cristão evangélico, a Igreja Católica Romana não pode ser considerada a sucessora legítima do apóstolo Pedro, pois tal reivindicação não é apoiada por evidências históricas nem pelas Escrituras. A autoridade na igreja deve estar firmemente ancorada na Bíblia e na fé apostólica, que é compartilhada por todos os cristãos que professam Jesus Cristo como Senhor, independentemente de uma linha de sucessão eclesiástica.


A verdadeira igreja de Cristo é composta por todos aqueles que seguem a fé apostólica, como revelada na Escritura, e não por aqueles que se submetem a uma estrutura hierárquica construída ao longo dos séculos. Assim, a ênfase protestante na SOLA SCRIPTURA e na igreja como o corpo de Cristo permanece fundamental para a compreensão da verdadeira continuidade apostólica.


📝Referências bibliográficas

- GONZÁLEZ, Justo L. The Story of Christianity. Vol. 1: The Early Church to the Dawn of the Reformation. 2. ed. New York: HarperOne, 2010.

- GONZÁLEZ, Justo L. The Story of Christianity. Vol. 2: The Reformation to the Present Day. 2. ed. New York: Harper One, 2010.

- NOLL, Mark A. Turning Points: Decisive Moments in the History of Christianity. 3. ed. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.

 

- SHELLEY, Bruce L. Church History in Plain Language. 4. ed. Nashville: Thomas Nelson, 2012.


[1] "Ex cathedra" é uma expressão latina que significa "a partir da cátedra" ou "do assento". No contexto da Igreja Católica, refere-se à autoridade do Papa ao fazer uma declaração oficial sobre doutrina ou moral, considerada infalível e obrigatória para todos os católicos. Quando o Papa fala "ex cathedra", ele o faz como o sucessor de São Pedro, em exercício pleno de sua autoridade apostólica, e a declaração é considerada livre de erro. Isso ocorre raramente e apenas em questões fundamentais da fé ou moral.

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