A Bíblia fala de fantasmas?

“Pode-se dizer que existem fantasmas? Há textos na Bíblia que parecem sugerir que sim, como Marcos 6.49 e Isaías 34.14”

Fantasmas na História e fora da Bíblia são um assunto assaz conhecido. Sobre a passagem em apreço (Mc 6.49), o comentário de Ellicott diz: “Os discípulos, ainda presos às superstições de seus compatriotas, pensavam que fosse um fantasma”. Bruce escreve: “Um toque de superstição dos marinheiros”. Em contraste com isso, Adam Clarke, o principal expositor do metodismo, opina, dizendo “que os espíritos dos mortos podem aparecer”. John Gill acha que o terror dos discípulos foi causado pela crença comum ente os judeus de que os demônios geralmente andavam de noite, procurando fazer mal aos homens.
Na concepção de Adam Clarke, citando resultados de pesquisas psíquicas, não somos tão sábios quanto pensamos e afirmamos, e, diz ele, neste mundo há muitas coisas sem explicação e, portanto, fantasmas de algum tipo, de alguma, origem, existem. Porém, ele diz também, que essa é uma questão para ser respondida concretamente pela ciência do século 21, portanto, do nosso século.




Que homens têm visto e continuam vendo coisas que poderiam ser chamadas de “fantasmas” é óbvio. Se seguirmos a história de todas as culturas, incluindo a história das culturas modernas, veremos “fantasmas” sendo mencionados.

Alguns estudiosos pensam em fantasmas como espíritos humanos genuínos. Porém, como a Bíblia não apoia espíritos de mortos visitando a Terra (Depois da morte, segue-se ao juízo - Hb 9.27), os espíritos demoníacos podem estar sendo confundidos com espíritos humanos desencarnados.

Outros estudiosos dizem que fantasmas nada são além de alucinações de quem os vê. No caso em que os fantasmas têm sido vistos por mais de uma pessoa, não há como pensar em alucinações coletivas, mas em demônios mesmo. Agora, no caso particular, não necessariamente. Pode ser, pode não ser.


Nos casos de não ser, as outras interpretações são:
(1) projeções mentais,
(2) imagens marcantes de sonhos,
(3) uma projeção da psique da própria pessoa,
(4) invenções mitológicas de pessoas que gostam de contar histórias de fantasmas ou
(5) fragmentos da própria personalidade de quem os vê. Esses fragmentos tomam-se visíveis mediante a manipulação mental. Seria, assim, uma espécie de extensão visível do fenômeno da múltipla personalidade.

Bem, no caso de Isaías 34.14, a tradução correta parece ser “corujas” e não “fantasmas”. Os estudiosos apresentam seis palavras hebraicas transliteradas em vários idiomas e que podem significar “coruja”. São elas yanshuph, kos, bath yaanah, lilith, qippoz e tineshemeth.

No texto de Isaías, aparece lilith. “...fantasmas ali pousarão e acharão para si lugar de repouso”. Essa palavra indicaria um demônio ou fantasma noturno, nada tendo a ver com a coruja. Porém, todas essas palavras na Bíblia, de um ou outro modo, falam da coruja com a conotação de fantasma.

Crer em fantasmas é superstição, algum tipo de temor ou receio religioso em face do desconhecido ou de forças naturais potencialmente negativas, como os deuses, a sorte, o destino etc. Já disse alguém: “Uma superstição é uma crença prática ou atitude que é julgada como algo que ‘paira por cima’, que vai além das normas aceitáveis, portanto, sem aceitação”.

Quase todos os sistemas religiosos incorporam algum tipo de superstição, ainda que isso não consubstancie a crença de alguns antropólogos de que, para todos os efeitos práticos, a fé religiosa deve ser equiparada à superstição, ao ponto de tornar-se sinônimos os vocábulos “religião” e “superstição”. Em Atos 17.22, Paulo falou: “Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos”. A expressão traduzida em algumas versões como “religiosos” é, no original grego, o substantivo deisidaímon, que tem o sentido de superstição.



Superstição é uma praga para o cristianismo. Os missionários e pastores da igreja evangélica no Brasil, obrigatoriamente, fazem oposição forte às práticas supersticiosas, em função do maléfico sincretismo religioso, inclusive entre o catolicismo romano e o fetichismo africano. Há de se combater as tendências supersticiosas de muita gente. Lamentavelmente, os “fantasmas” estão em todos os cantos do Brasil e do mundo!
 
Artigo: Pr. Nestor H. Mesquita | Fonte: Jornal Mensageiro da Paz, Junho de 2017 | Acervo Pessoal: Ev. Jair Alves

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