A Escola Dominical
nasceu da visão de um homem que, angustiado pelos menores carentes de sua
cidade, saiu a resgatá-los da marginalidade. Ele não haveria de ficar
insensÃvel ante a situação daqueles meninos e meninas, que erravam pelas ruas
de Gloucester. Nesta cidade inglesa, a delinquência infanto-juvenil já era um
problema crônico.
O jornalista episcopal
Robert Raikes tinha 44 anos, quando se dispôs convidar os pequenos infratores a
reunirem- se aos domingos, para aprender a Palavra de Deus.
Juntamente com o
ensino religioso, ministrava-lhes matemática, história e lÃngua inglesa.
Não demorou para que a
escola de Raikes se popularizasse. A oposição também não demorou a chegar.
Muitos eram os que o acusavam de quebrantar o domingo. Onde já se viu profanar
o dia do Senhor com tais crianças? Será que o Sr. Raikes não sabe que o domingo
é sagrado? Ele sabia também que Deus é adorado através de um trabalho amoroso e
incondicional.
Veja
também:
Embora haja iniciado o
seu ministério em 1780, foi somente em 1783, após três anos de oração,
observações e experimentos, que Robert Raikes resolveu divulgar os resultados
de seu pioneirismo.
No dia três de
novembro de 1783, Raikes publica, em seu jornal, o que Deus operara e
continuava a operar na vida dos meninos de Gloucester. Eis porque a data foi
escolhida como o dia da fundação da Escola Dominical.
Que a Escola
Dominical, pois, volte às suas origens, e seja uma agência especializada do
Reino de Deus, transformando a sociedade com o Evangelho de Cristo.
I - O RESGATE DA ESCOLA DOMINICAL
Robert Raikes criou a
Escola Dominical por dois motivos: suprir as lacunas magisteriais da igreja
oficial e as deficiências do sistema educacional inglês. A educação pública e
universal ainda era vista como utopia até mesmo na culta e progressista
Inglaterra. Somente os mais ricos tinham acesso à escolaridade.
Quanto aos outros, que se conformassem Ã
miséria. Na prática, havia, ali, um sistema de castas sedimentado pela fartura
de alguns e pela carência de muitos. Enquanto isso, o clero anglicano ia
aumentando seus privilégios, ignorando a saúde espiritual dos súditos de sua
majestade.
Angustiado por essas
deficiências, Raikes idealizou uma escola que desenvolvesse o educando por
completo: cultural, cÃvica e espiritualmente. E, para tanto, elaborou um
currÃculo simples, mas eficaz.
Tendo em vista a
experiência de Raikes, haveremos de primar também por uma grade curricular que,
conquanto dê prioridade ao desenvolvimento espiritual do educando, promova-o
como membro útil e relevante da sociedade. E, assim, venha a glorificar o nome
de Deus e expandir-lhe o Reino além das fronteiras denominacionais.
1. Seu currÃculo deve contemplar a educação
integral do ser humano.
Que o aluno da Escola
Dominical seja educado, tendo em vista sua dupla cidadania: terrena e celeste.
Se por um lado, deve ser preparado a entrar na Cidade de Deus; por outro, tem
de ser instruÃdo a viver na cidade dos homens. Ensinemos-lhe não somente
teologia, mas também ética e civilidade. Como nem todos são alfabetizados,
temos por obrigação levá-los, pela BÃblia, a ler, a escrever e a interpretar
textos.
A Escola Dominical,
por sua própria Ãndole, não haverá de compactuar nem com o analfabetismo nem
com a ignorância institucional. Sua missão é promover o saber divino pelas
disciplinas humanas.
2. Ela não deve restringir-se aos templos.
A escola de Raikes
apresentou, desde o princÃpio, notáveis resultados, pois não se restringia aos
templos. Sendo igreja, não se limitava à igreja. Transcendia em missões junto
aos menores abandonados. Evangelizando pela educação, ia transformando a
sociedade.
Se compararmos o
projeto de Raikes às escolas dominicais de nossa época, concluiremos: pouco
restou do modelo original. Hoje, voltamo-nos exclusivamente aos convertidos, e
pouca atenção damos aos que se acham à margem de nossa espiritualidade. Se
quisermos, de fato, produzir santos teremos de sair do santuário. Assim agia a
Igreja Primitiva.
3. Seu rol de alunos não deve limitar-se Ã
membresia da igreja.
Para se fazer parte do
rol de membros de uma igreja requer- se do novo crente: profissão de fé,
batismo, contribuições etc. Todavia, para se frequentar a Escola Dominical, uma
só coisa é necessária: a vontade do educando. Este nem convertido precisa ser;
sua disposição em aprender a Palavra de Deus é suficiente.
Que se ampliem, pois,
as matrÃculas da Escola Dominical. Tanto à s crianças, quanto aos adultos, deve
haver classes especializadas, onde cada um tenha suas necessidades espirituais,
sociais e culturais amorosamente contempladas e supridas eficazmente.
4. Seu funcionamento deve ir além dos
domingos.
A Escola Dominical só
terá êxito se funcionar também durante a semana. Embora só abra aos domingos,
não pode fechar-se de segunda a sábado. Durante a semana, que os professores
visitem seus alunos, enviem-lhes e-mails, telefonem-lhes, a fim de que estes
sintam-se integrados ao corpo de Cristo.
Sem isso, a Escola
Dominical jamais alcançará seus objetivos: evangelizar enquanto ensina,
integrando social e espiritualmente cada educando.
5. Sua missão deve ir além das prioridades
da igreja local.
A igreja oficial da
Grã-Bretanha era um reflexo do Reino Unido: não tinha como prioridade a
educação popular. Se por um lado, esmerava-se na formação do clero, por outro,
desleixava-se quanto à sedimentação bÃblica, social e cultural de seus membros.
Nisso, os protestantes ingleses em nada diferiam dos católicos.
Muitas igrejas já não
incluem a Escola Dominical em suas agendas. Há eventos para tudo, menos para a
Educação Cristã relevante. E o resultado não poderia ser mais desastroso. Não
são poucos os pastores que suspendem a Escola Dominical, a fim de promover
festas e eventos, cuja principal motivação é financeira. O lucro do momento
torna-se perda na eternidade.
ATENÇÃO!
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Fonte: Ensinador Cristão, n° 63 | Artigo:
Claudionor de Andrade