“E possível o falso profeta ou o cristão carnal em algum momento demonstrar dons espirituais ou ser usado pelo Espírito Santos?”
O
Espirito Santo, como Consolador da Igreja, tem agido desde a sua fundação como
o responsável pela Noiva do Cordeiro até a Segunda Vinda do Senhor Jesus.
Assim, um dos seus desígnios está na capacitação espiritual e sobrenatural
outorgada à eleita do Senhor. Pedro pôde experimentar dessa graça divina ao
fazer uso da palavra da sabedoria e do conhecimento no Dia de Pentecoste (At
2.14-41).
Os
dons espirituais descritos em 1Coríntios 12 são a demonstração do poder (dúnamus,
no original grego) que haveria de ser derramado na Igreja (At 1.5,8).
Infelizmente,
muitos crentes usufruem dessa graça divina e, posteriormente, devido à
instabilidade espiritual, desviam-se dos caminhos do Senhor.
Jesus
fez alusão a pessoas que foram usadas com dons (profecias e operação de
milagres), mas não guardaram sua fé, nem permaneceram na frutificação
espiritual (Mt 7.22-23).
Atentemos
para um trecho do Sermão da Montanha proferido por Jesus, em Mateus 7.15-23: há
dois tipos de vida cristã - uma baseada na conduta transparente (v 17) e
outra na profunda hipocrisia (vl8).
Os
dons espirituais podem ser camuflados, já os frutos não. Observemos que isso é
feito com propriedade pelos falsários (v 15), contudo àqueles que são árvores
frutíferas só agem em integridade divina (v 17) e seus frutos não são
falsificados (Mt 25.35,42,43 e Gl 5.17). Quando um crente torna-se carnal,
ele fica impedido de agir com os dons do Espírito (1Co 13.16-17).
Em
Jeremias 14.14, Deus também alerta seu povo com respeito a certos profetas do
seu meio que podem profetizar mentiras e afirmar falsamente que receberam
visões da parte do Senhor. Por isso, todos os profetas e todas suas profecias
devem ser provados segundo as normas bíblicas (1Co 14.29).
Devemos estar cientes ainda de que
algumas ações sobrenaturais são maquiadas por Satanás, como a expulsão de
demônios (Lc 11.15), a operação de sinais (Ap 16.14) e até “profecias” (1Jo 4.1
e Ap 2.20).
Todas
essas manifestações não são garantia de que alguém é um genuíno profeta ou
crente, pois a própria Palavra de Deus nos alerta sobre a aparição desse tipo
de pessoa nos últimos dias, que manifesta sinais, mas não tem nada de Deus (2Ts
2.9-12).
No entanto, o dom puramente divino, para
ser usado, é necessário que haja a presença do Espírito Santo para mediação (1Co
12.8).
Muitos
desses homens que professam serem profetas de Deus ou até mesmo crentes
“genuínos”, e não o são, quando estão longe das multidões, na sua vida em
particular, entregam-se à “rapina e iniquidade” (Mt 23.25), são “cheios de ossos
de mortos e de toda imundícia” (Mt 23.27), “cheios de hipocrisia e de iniquidade”
(Mt 23.28). Sua vida na intimidade é marcada por cobiça carnal, imoralidade,
adultério, ganância e satisfação dos seus desejos egoístas.
Além
disso, em suas mensagens, esses falsos profetas não condenam o pecado do povo
(Lm 2.14). Como uma pessoa dessas pode ser usada por Deus se não deixar o
pecado?
Se
realmente estamos em Cristo, somos novas criaturas, e não andamos mais segundo
a carne (2Co 5.17 e Rm 8.1).
Contudo,
para se reconquistar essa perda espiritual que muitos têm, só mesmo através do
arrependimento (Ap 2.5,16,21; 3.3,19). Afinal, Jesus está às portas (Ap 3.20).
Basta colocar-se nas mãos do Oleiro e ele fará dessa pessoa, sinceramente
arrependida, um vaso novo (Jr 18.6).
Fonte: Mensageiro da Paz, 2005, p. 15
Celso Gregório de Lima é pastor, líder da AD em Sena Madureira (AC)
e membro da Comissão de Apologia da CGADB.
Pr. Celso Gregório de Lima